LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DESENHO TÉCNICO
DESENHO TÉCNICO – BREVE INTRODUÇÃO
É bom lembrar que...
- O desenho técnico/arquitetônico é artesanato em plena Era da Tecnologia, mas...
- Já existem máquinas, ligadas a computadores, que desenham levantamentos topográficos completos, planos urbanos
(cidade) e – claro – projetos de arquitetura, inclusive apresentando cortes, fachadas, perspectivas externas e
internas, na posição que for escolhida para o observador ou mostrando o objeto em movimento.
- O desenho técnico deve ser dominado até nos seus detalhes mais sutís. O futuro técnico terá de conhecer a
gramática (regras) do desenho, a fim de se expressar facilmente na linguagem do traço.
- Para dominar essa linguagem, será preciso conhecer a origem e pensar criticamente as normas e convenções;
somente assim VOCÊ poderá optar conscientemente por esta ou aquela norma.
- Para o projetista ou Engenheiro a arte de representar um objeto ou fazer sua leitura através do Desenho
Técnico é muito importante, uma vez que nele estão contidas todas as informações precisas e necessárias para a
construção de uma peça.
- A principal finalidade do Desenho Técnico é a representação precisa, no plano, das formas do mundo material,
de modo a possibilitar a reconstituição espacial das mesmas. Assim, constitui-se no único meio conciso, exato e
inequívoco para comunicar a forma dos objetos.
Exemplo de Planta Técnica
- O desenho técnico é considerado como a linguagem gráfica universal da Engenharia e Arquitetura. Da mesma forma
que a linguagem verbal escrita exige alfabetização, é necessário que haja treinamento específico para a
execução e a interpretação da linguagem gráfica dos desenhos técnicos, uma vez que são utilizadas figuras
planas (bidimensionais) para representar formas espaciais.
- No seu contexto mais geral, o Desenho Técnico engloba um conjunto de metodologias e procedimentos necessários
ao desenvolvimento e comunicação de projetos, conceitos e ideias. Para isso, faz-se necessária a utilização de
um conjunto constituído por linhas, números, símbolos e indicações escritas normalizadas internacionalmente.
- A figura a baixo representa a forma espacial de um objeto por meio de figuras planas.
- Para um leigo seriam apenas quatro triângulos e um quadrado.
- Na linguagem gráfica, esta figura seria a representação de uma determinada pirâmide, ou as vistas de suas
diferentes faces.
NORMAS DE DESENHOS TÉCNICOS
- A fim de transformar o Desenho técnico em uma linguagem padronizada, foi necessária a universalização dos
procedimentos de representação gráfica. Essa padronização é feita por meio de normas técnicas, que nada mais
são do que códigos técnicos que regulam relações entre produtores e consumidores, engenheiros, empreiteiros e
clientes.
- Cada país elabora as suas próprias normas que passam a ser válidas em todo território nacional. No Brasil as
normas são aprovadas e editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, fundada em 1940.
- Para facilitar o intercâmbio de produtos e serviços entre as nações, os órgãos responsáveis pela normalização
de cada país decidiram fundar, em 1947, a ISO (International Organization for Standardization), com sede em
Londres. Assim, quando uma norma técnica é criada por algum país e é aprovada pelos demais, esta pode ser
internacionalizada, passando a compor a ISO.
- No Brasil há uma série de normas, as NBRs, que estão de acordo com a ISO e regem a linguagem do desenho
técnico em seus mais diversos parâmetros:
- NBR 10647 – Norma geral de Desenho Técnico;
- NBR 10068 – Layout e dimensões da folha de desenho;
- NBR 10582 – Conteúdo da folha para desenho técnico;
- NBR 8402 – Definição da caligrafia técnica em desenhos;
- NBR 8403 – Aplicação de linhas para a execução de desenho técnico;
- NBR 13142 – Dobramento da folha;
- NBR 8196 – Emprego da escala em desenho técnico;
- NBR 10126 – Emprego de cotas em desenho técnico;
- NBR 6492 – Representação de projetos arquitetônicos.
NORMAS DE DESENHOS TÉCNICOS
NBR 10647 (Abr/1989) - esta norma estabelece, dentre outras terminologias, a classificação do desenho
segundo o
seu aspecto geométrico.
O desenho técnico pode ser dividido em duas grandes modalidades:
- Desenhos projetivos abrange aqueles desenhos, cujo objetivo é a demonstração da forma e das medidas
proporcionais dos objetos. É representada por meio de vistas ortográficas e perspectivas. Ex.: projetos de
fabricação de máquinas e equipamentos; projetos e construção de edificações de vários tipos, envolvendo
detalhes elétricos, arquitetônicos, estruturais, etc.; projetos para construção de rodovias, aterros,
drenagem, barragens, açudes, etc.; projetos planialtimétricos e topográficos; desenvolvimento de produtos
industriais; projetos paisagísticos; dentre outros.
Perspectivas e Vistas Ortogonais
Projeto de Instalação Elétrica Residencial
Desenhos não-projetivos compreendem os gráficos e diagramas resultantes de cálculos algébricos. Este tipo
de
desenho não representa nenhuma importância direta para esta disciplina.
Diante dos exemplos apresentados, podemos observar que o desenho projetivo pode ser utilizado em diversas áreas de
concentração da engenharia e arquitetura: desenho de máquinas, desenho mecânico, desenho arquitetônico,
estrutural, elétrico e paisagísticos.
Apesar de sua grande abrangência, a aplicação do desenho técnico segue, em todas as áreas os mesmo padrões de
referência estabelecidos pelas normas técnicas brasileiras.
NBR 10068 (Out/ 1987) – determina e padroniza as dimensões e o layout das folhas a serem empregadas na
confecção
dos desenhos.
As folhas podem ser utilizadas tanto na posição vertical quanto na posição horizontal.
O formato básico para papel, recomendado pela ISO e utilizado em grande parte dos países, é o formato A0, da série
A, cuja dimensões (841 x1188) resultam numa área de 1 (um) m2.
Os outros papéis resulta de subdivisões deste, como apresentado na figura a seguir. Há uma relação matemática
entre essas dimensões, que se aplicam a todos os demais formatos da série A: o lado menor multiplicado pela 2 é
igual ao lado maior. Assim, no formato A0, 841 (raiz de 2) = 1188.
Nota-se que, o papel de formato A1 tem a metade da área do papel de formato A0. O papel A2 tem a metade da área do
A1, e assim por diante.
Além da série A, existem também, as séries B e C, que são utilizados em casos excepcionais e não tem muita
aplicabilidade no desenho técnico.
A normalização dos formatos tem por objetivo proporcionar o melhor aproveitamento do material, com o mínimo de
perdas por recortes, facilitando seu arquivamento.
Carimbo (legenda ou selo)
O carimbo deve conter toda a identificação do desenho: nome do proprietário ou empresa pra o qual o projeto será
realizado; número de registro, título e escala do desenho; nome dos responsáveis pelo projeto e execução,
assinaturas; data e número da prancha. A legenda deve ter comprimento 178 mm nos formatos A4, A3, A2, e 175 mm nos
formatos A1 e A0. A posição da legenda deve ser no canto inferior tanto em folhas horizontais quanto verticais,
conforme apresentado na figura a seguir.
NBR 13142 (Mai/ 1994) – esta norma estabelece as condições para o dobramento do papel de modo a facilitar o seu
arquivamento.
- A condição geral para este procedimento é permitir que o resultado final do dobramento seja uma folha no
formato A4 (210 x 297 mm). É, igualmente importante observar se o carimbo ou selo está visível. A figura
abaixo mostra um exemplo de cópia padrão A2 e A3 dobrada.
NBR 8403 (Mar/ 1984) – esta norma determina os tipos e o escalonamento dos traçados utilizados em desenhos
técnicos.
- Nos desenhos técnicos utiliza-se traços de diversos tipos e espessuras.
- Na prática as espessuras mais usadas são as 0,7 mm; 0,5 mm e 0,3 mm e os traçados seguem padrões
pré-estabelecidos como os indicados no quadro a seguir:
Traçados
- Para a aplicação destas normas, no entanto, é necessária uma
- mínima destreza no manuseio dos instrumentos, por isto a prática do desenho tem início com trabalhos em
traçado. O começo deste trabalho é importante ter conhecimento que a lapiseira deve ser mantida entre os dedos
polegar, indicador e médio, enquanto o anular e o mínimo apoiam na folha. A pressão exercida na lapiseira deve
ser constante e firme, mas não excessiva, para evitar sulcos no papel.
- Os primeiros exercícios desenvolvem a técnica para o traçado de linhas razoavelmente retas, fazendo a união
de dois pontos dados. Neste caso, é importante que se atente para os pontos extremos da linha, que definem a
sua direção e, portanto, aquela do traço a ser executado.
Para a execução desta linha há duas técnicas:
- a) desenhar uma linha razoavelmente reta, entre os dois pontos com traços sucessivos;
- b) ou para linhas longas, desenhar uma linha contínua através de um movimento de braço.
Neste caso é aconselhável ensaiar algumas tentativas para obter a direção desejada e só após traçar, como mostram
as figuras a seguir.
Para a boa confecção de um desenho os traços devem apresentar regularidade em toda sua extensão. Assim, a
uniformidade do traçado deve ser minuciosamente observada, devendo ser mantida a espessura escolhida, do início ao
fim, sem que haja interrupções, como pedaços de traço apagados ou não completados. As linhas contínuas não devem
ultrapassar os cantos ou deixar de alcançá-los; os diversos traços de uma linha tracejada devem ter comprimentos
aproximadamente iguais e ser equidistantes.
NBR 8402 (Mar/ 1994) – esta norma fixa os princípios da escrita utilizada em desenhos técnicos e documentos
semelhantes.
Para se obter maior legitimidade os tipos de letras e algarismos devem ser legíveis e de fácil execução. É
recomendável que se utilize letras verticais, maiúsculas e do tipo BASTÃO. As letras minúsculas e as inclinadas
também podem, casualmente, serem utilizadas.
Alguns parâmetros devem ser observados a fim de se obter um letreiro harmonioso:
- Estilo constante
- Altura constante
- Traços com verticalidade ou inclinação uniformes
- Espessura uniforme dos traçados
- Observar o espaçamento mais adequado entre os caracteres e entre as palavras
PROJETO TÉCNICO/ARQUITETÔNICO
Projeto técnico consiste na representação geométrica das diferentes projeções, vistas ou seções de um edifício ou
parte do mesmo, munindo-se de convenções que venham auxiliar na leitura e execução da obra.
O projeto técnico é composto de:
- Planta baixa
- Planta da situação
- Planta de locação/diagrama de cobertura
- Cortes
- Fachada
- Detalhe
É a principal representação gráfica de uma construção, pois consiste na visualização superior da construção,
supondo-se a mesma cortada por um plano horizontal situado a aproximadamente 1,50 m de altura e retirando-se a
parte superior, o ideal é que as janelas sejam cortadas pelo plano horizontal, tal como representado na figura a
lado.
Nela deverão conter as disposições dos cômodos e posição de paredes, portas e janelas, com medidas horizontais.
Na maioria dos projetos arquitetônicos a escala usada é de 1:50, mas em casos excepcionais usamos a escala de
1:100.
Recomendações:
- Inicialmente, deve-se traçar as paredes e, em seguida, marcam-se as portas e janelas;
- A planta deve ser desenhada sempre com a frente voltada para baixo;
- Em toda planta baixa devem ser indicados pelo menos dois cortes, e em caso de dois ou mais pavimentos, serão
representados cada um, separadamente;
- Paredes externas, em geral, tem espessura de 20 a 25 cm (1 tijolo) e as internas terão espessura de 15 cm (1/2
tijolo).
- A nomenclatura da planta baixa, bem como a escala utilizada deve ser indicada no canto inferior esquerdo.
Etapas para a confecção de uma planta baixa:
- Primeira fase :
- marcar o contorno externo do projeto
- desenhar as espessuras das paredes externas
- desenhar as principais divisões internas
- Segunda fase:
- desenhar as portas e janelas
porta = P: largura x altura (P: .90 x 2.10 m)
janela = J: base x altura (J: 1.1 x .90 m)
Na escolha da posição das portas devemos dar preferência as extremidades e deixar no mínimo 0,10 m de
parede
(boneca) para fixação das guarnições.
- apagar os excessos das linhas traçadas
- desenhar a projeção da cobertura (beiral), as quais devem ser maiores que 0,50 m.
- Terceira fase:
- desenhar as linhas pontilhadas (beiral, janelas altas)
- Acentuar as espessuras dos traços (paredes)
- colocar linhas de cotas e cotar (inclusive as cotas de nível dos pisos)
- escrever o nome dos compartimentos
- indicar a posição dos cortes e indicar o Norte.
CORTES
O corte consiste na visualização da construção, após a mesma ter sido cortada por um plano vertical e retirada a
parte anterior. Tem por finalidade apresentar as várias alturas de um prédio , tais como pé direito, altura de
janelas e portas, altura de peitoris, vigas, vergas, etc.
Além disso, através dos cortes apresentamos os principais detalhes das fundações, lajes, coberturas e outros.
Recomendações:
- A escala a ser adotada é, em geral, de 1:50;
- Serão feitos, no mínimo, dois cortes, escolhendo aqueles mais significativos (com mais detalhes);
- A nomenclatura dos cortes bem como a escala serão indicados no canto inferior esquerdo;
- Todas as medidas verticais deverão ser cotadas;
- Espessuras de lajes, fundações e peças do telhado não serão cotadas;
- As lajes, geralmente, são representadas com espessura de 10 cm, as fundações corridas estarão sempre sob as
paredes, com largura de 25 a 40 cm para as paredes de ½ tijolo e de 30 a 60 cm para paredes de 1 tijolo. A
profundidade das fundações na planta arquitetônica não é marcada, pois depende de estudos de qualidade do solo.
- Os telhados são vistos em ambos os cortes, geralmente são sustentados pelas tesouras (madeiramento) que
aparecem sempre de frente quando é transversal ao telhado. O espaçamento entre duas tesouras, no corte
longitudinal, não ultrapassa a 3m nos casos comuns.
- Nos cortes longitudinais, para efeito de representação do telhado, considera-se o corte passando pela parte
mais alta do telhado, ou seja, pela CUMEEIRA.
Etapas para a confecção dos cortes:
- desenhar a linha do terreno
- marcar a cota do piso e traçar
- desenhar as paredes externas e marcar as alturas
- desenhar o forro quando houver
- desenhar a cobertura ou telhado
- desenhar as paredes internas cortadas pelo plano
- marcar a portas e janelas cortadas pelo plano de corte
- desenhar os elementos não cortados (janelas e portas)
- colocar as linhas de cota e cotar
- repassar os traços em todo desenho, os finos, médios e, por último, os grossos.
FACHADA
A fachada tem por finalidade mostrar como serão as faces do prédio, exteriormente, após ser concluída a obra.
Recomendações:
- a escala adotada é de 1:50 ou 1:100
- serão feitos depois de desenhados os cortes
- deve-se desenhar a linha do terreno e marcar as medidas horizontais
- todas as medidas relativas às alturas serão transportadas dos cortes para a fachada
- haverá , no mínimo uma fachada (principal), podendo ser representadas as outras faces da construção
- a nomenclatura da fachada será indicada no canto inferior esquerdo
- a fachada não é cotada
PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTURA
- Locação: serve para alocar a construção dentro dos limites do terreno. Esta deve mostrar muros, portões,
árvores existentes ou a serem plantadas, um ponto de referência que desperte interesse e a orientação cardeal
(norte).
- Cobertura: pode indicar a disposição dos vários planos do telhado e o sentido de queda das águas pluviais. A
cada plano do telhado damos a denominação de água.
Recomendações:
- a escala mínima adotada é de 1:100, normal é 1:200
- a cobertura será sempre desenhada com a frente principal voltada para baixo
- deve-se indicar os contornos e divisões dos planos
- indicar, por meio de setas o sentido de queda das águas
- contorno externo das paredes da construção (projeção)
- nomenclatura e escala serão colocados no canto inferior esquerdo
- o desenho não deverá ser cotado.
PLANTA DE SITUAÇÃO
Consiste na visualização superior do terreno e da construção situada em seu interior. Indica a forma e dimensões
do terreno, os lotes e as quadras vizinhas, limites da propriedade ou parte dela e ruas ou estradas de acesso.
Em geral, são representadas na escala de 1:500, 1:000 ou 1:2000.
Representação em Cores
Na representação dos projetos A CONSTRUIR usa-se a cor PRETA em todos os traços.
Na representação de REFORMA de uma construção é indispensável diferenciar MUITO BEM o que existe e o que será
demolido ou acrescentado. Estas indicações podem ser feitas usando as cores:
A figura a seguir exemplifica a utilização das cores para a representação de um projeto de reforma.
PLANTA DE LAYOUT
Auxilia a definir as áreas de circulação de acordo com a posição dos equipamentos e móveis que o cliente queira
colocar ou que já disponha e não deseje se desfazer.
É necessário que os móveis estejam com as dimensões reais para as alterações no projeto.
Recomendações:
- Escala 1:50 ou 1:100 dependendo do projeto
- Medida das aberturas dos vãos (portas, janelas, etc)
- Medida dos móveis
- Cotas horizontais das aberturas, passagens, corredores e móveis, além das cotas totais
- Orientação do norte
- Hierarquia de linhas
- Carimbo (legenda)
Layout pode ser entendido como um arranjo físico, disposição de peças (nesse caso mobiliário) em planta
baixa,
visando o melhor funcionamento possível do espaço a ser trabalhado, proporcionando segurança, conforto e
produtividade das pessoas que vão utilizar esse espaço.
- MONTEIRO, A. GILDO. Desenho Arquitetônico. 3ª ed. Revista e ampliada Editora Edgard Blucher LTDA. (1978)